Eu sou um pedaço de vidro sujo que se confunde com espelho onde as baratas, vez ou outra, passam. Minha pedra preciosa cabe no anel mas nem sempre no dedo. Leoa, musa de fogo. Ouro, olhar, branco, bracelete, unha vermelha. Sou um corpo mutante soprado, que é vento. Entorto a boca enquanto escrevo, fecho o vinco da testa, dissipo as tripas. Mas sonho à noite que a liberdade me toma. Beijo teu cadáver. Sou lesma que goza na pedra. Sou a pedra. Muitos dos meus cavalos já morreram mas os que vivem estão livres. Galopo a minha casa de madrugada e nem sempre bebo apesar de tanta sede. Acho esquisito ter o meu nome.
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