Invisíveis cantos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Amor acontecendo

Passo a passo




                                                                   
                                                                                 Dos relatos I


A felicidade entrou pelo portão sem se quer tocar dimdom e sentou ao meu lado. Tão perto que entra dentro da minha respiração. Quando o dia troveja e tempestade anuncia, ela pula à minha frente fazendo caretas, micagenzinhas, essas coisas que causam sorrisos de amor. Ela mora num buraquinho na segunda porta da cozinha porque é simpática e não fica anunciando o mundo mágico cheio de plantinhas lá em casa. Ela toma banho comigo e deita ao meu lado quando vou dormir.




Dos relatos II


Nesse jardim mora também um menino-vagalume que foi buscar pólen em outro cercado, foi pousar sua luz por lá também. Logo ele volta porque as flores continuam dele. Van Gogh sai do quadro e entrega um lírio nas mãos do menino.




Dos relatos III


Há isso de extraordinário no mundo.





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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Menina bonita


Para a minha filha



Amadeo Modigliani in Jeanne


 

Os ponteiros dando voltas no relógio, passarinho cantando no fio. Ela nem percebe. Laços, sorrisos e vontades. Ela se descobre. A vida vindo, a vida vindo tão rápida e intensa nas trancinhas dos seus cabelos que cresceram. E ela nem viu. A menina está indo para o lugar de todas as meninas. Ela indo. O relógio vai dizendo:' ela já volta, ela já volta...'. Ela não volta. Quando se vai pra terra das meninas só se volta em solidão que só ela sabe, e toca. Destino de mulher.


Coma





Eu não sei escrever. Atrapalho-me toda na saliva da língua portuguesa. Sem destrezas portanto rabisco papéis de pão sobre a mesa. Nada de mais, só farelos. Sei que nunca vou alcançar o entendimento [e ninguém ousa dizer, xiu, li-te-ra-tu-ra dos homens] das grandes poesias. Mas gosto de vê-las daqui do meu cantinho, só olhar e sentir dentro do meu tamanho. Meus recados em papéis de pão, às vezes entrego, noutras, amasso e jogo fora. Quem iria ler tais linhas balbuciadas coração. Coisas minhas que insisto em repartir, o pão.



Pão é amor entre estranhos, obrigada Lispector.

Aborto

Ray Caesar



E naquele dia o seu filho nasceu para dentro. E quanto mais o tempo passava, mais o menino crescia, esbarrando no seu coração.


.Rita Apoena

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O desconexo me elucida. Sinto um prazer de sábado quando sinto o aroma da loucura. Sei que não é fácil. Sei. Às vezes eu queria não saber e ter a benção da lucidez. No entanto eis-me aqui, forjada, leoa, musa de fogo. Ouro, olhar, branco, bracelete, unha vermelha.