Invisíveis cantos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Eugene não olha para trás

-Atrás dos olhos das meninas sérias-
Mas poderei dizer-vos que elas ousam? Ou vão, por
injunções muito mais sérias, lustrar pecados que
jamais repousam?

Ana Cristina César 


                                             Ray Caesar




Eugene era dessas meninas que sobem em árvores.  Do galho mais alto mirava certeira um cuspe ácido. Caústica. Gostava de babar. Vestia sempre as mesmas meias. 'É para dar sorte', repetia hermeticamente. Dificilmente Eugene chorava, certa vez cortou o dedo num prego enferrujado e quase o tétano salvou sua vida suja. Eugene era por um triz. Um viés das meninices. Boca-latrina, não diga o nome. Porque sibilam os versos mais erráticos e porcos da sua vida inconstante numa sevícia própria. Oh, Eugene. Sem medos, sem fechos. Miudezas carnais, antes das cinzas. Eugene tinha meias que cheiravam a sexo. E do alto do galho gozava mansa. Vaca que sabe lamber.



[desta crueldade intensa de santa que te toma as duas
mãos.]

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O desconexo me elucida. Sinto um prazer de sábado quando sinto o aroma da loucura. Sei que não é fácil. Sei. Às vezes eu queria não saber e ter a benção da lucidez. No entanto eis-me aqui, forjada, leoa, musa de fogo. Ouro, olhar, branco, bracelete, unha vermelha.