Invisíveis cantos.

domingo, 17 de agosto de 2014

Catedral

Eu queria ser um fio do bigode da Frida
uma nota do minueto em g do Bach
a perplexidade do espanto
a teia da aranha
a língua do sapo
a margem do rio
o gene filete de sangue que separa o macaco do homem
a dor no bico dos seios rachados e mesmo assim oferecidos



O fracasso da linguagem, o silêncio
o fio da navalha
o olhar do mendigo
eu queria ser um texto clareciano, a caverna de Platão
um filho que não nasceu
o ovo e também a galinha
uma figura hieroglífica, a esfinge, a serpente.



Só quando não tenho construção eu me aproximo do que sou.



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O desconexo me elucida. Sinto um prazer de sábado quando sinto o aroma da loucura. Sei que não é fácil. Sei. Às vezes eu queria não saber e ter a benção da lucidez. No entanto eis-me aqui, forjada, leoa, musa de fogo. Ouro, olhar, branco, bracelete, unha vermelha.