Na escravinha do quarto, depois da cama e seu colchão de molas, tem uma gaveta. Sobre ela tem um abajour que lembra o boulevard iluminado numa noite qualquer de Paris. Talvez seja a luz que me leve pra lá. ''Saiu o sol essa tarde em Paris beijos saudades '', mas nem sempre as nuvens me deixam ver de novo, respondo. O que importa é que há uma gaveta.
Sentada na escravinha eu escrevo cartas imaginárias.
Esse silêncio, esse silêncio.
Faço uma oração que não termina.
( P.S.: tem um espaço de sobra que fica ao fundo)
Desenho uma onda na praia, tem uns vinte anos que desenho a mesma onda. Rosana insiste em postar músicas que dizem alguma coisa, ela gosta de ouvir infinitamente.
Desenho um coração regardant ces peintures, croient y voir des batailles
Pronto.
Não há nada mais para guardar.
Coração põe na gaveta. Coração põe na gaveta. Põe na gaveta.