Invisíveis cantos.

terça-feira, 18 de março de 2014

Da verdade e dos olhos

Matheus, vinte anos
verão de dois mil e quatorze



Vou contar uma história de pescador. Feche os olhos para que se possa ouvir o mar melhor. Vou contar sobre um rapaz que pesca as entrelinhas, um anzol de Lacan. Um belo rapaz que prepara a isca com muita paciência e silêncio: 'xiu', diz com o olhar, 'as ideias voam, e o engano é o que se faz morrer pela boca'. Pescador poeta, porque o pensamento desliza como peixe quando não se pega com o coração. Não tem boca pra discursos, nem tão pouco explanações, por isso gosta de pescar é com os sentidos. Profeta, filósofo. Ele pesca pela boca do médium, do professor. E também do revolucionário. 


Mar em festa! Mar em festa!


Águas entorpecentes, sedutoras.
Por muito tempo, aos meus olhos de terra, pensava que o pescador deturpava os fatos, que acreditava no que inventava e que delirava aos golões. Aos poucos que fui percebendo a amabilidade da arte de pescar e, que não era para qualquer um. Só para os sensíveis. Pescador onírico, amigo de Morfeu. Lírico, delírio. Também amigo do oceano porque é coletivo, cardume. Futurista, enxerga o vento antes de tocar os sete mares.
Pescar é arte de quem sabe.

É quem se amarra no mastro do navio mas mantém livre suas orelhas 
para ouvir o canto da sereia.


Peixes livres
Mar para todos.
.

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O desconexo me elucida. Sinto um prazer de sábado quando sinto o aroma da loucura. Sei que não é fácil. Sei. Às vezes eu queria não saber e ter a benção da lucidez. No entanto eis-me aqui, forjada, leoa, musa de fogo. Ouro, olhar, branco, bracelete, unha vermelha.