Invisíveis cantos.

domingo, 7 de março de 2010

A pêlo

"ninguém enriquece com a literatura se ao mesmo tempo não for capaz de chupar um pêssego aproveitando a mão livre para levá-lo a boca, se não fizer amor entre duas páginas, se não se debruçar na janela para saber que durante o último mês cinqüenta crianças morreram queimadas na região se Saigon, e que em Biafra os nigerianos ajudados pelo nobilíssimo Reino Unido degolaram todos os pacientes de um hospital; será preciso repetir, professor Papalino Zeta, que a literatura não é um terreno privilegiado no sentido escapista que tanto convém e adorna? Biafra e o erotismo, a chuva de napalm e os Jogos Venezianos de Lutoslawski: a poesia continua sendo a melhor possibilidade humana de realizar um encontro que ninguém descreveu melhor que Lautréamont e que pode fazer do homem o laboratório central de onde algum dia sairá o definitivamente humano, a menos que antes disso todos nós tenhamos ido para a casa do caralho."

Notícias do mês de maio, Julio Cortázar








Continuo sendo estranha, esquiva. Mas assim é melhor. Não ser linear sendo, dentro das pequenas possibilidades humanas. [ pausa] Eu não consigo explicar [ /pausa].  Lamba minhas partes, oh cachorro.
Os números entre parênteses a fim de cada ponto indicam os vórtices de onde extraí as entrelinhas do meu texto tentando me explicar em sílabas tortas [Pórtico]. Meu mais doce nosce te ipsum. Enquanto Cortázar me manda dormir, sabendo que sou [só]. Sonho.

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O desconexo me elucida. Sinto um prazer de sábado quando sinto o aroma da loucura. Sei que não é fácil. Sei. Às vezes eu queria não saber e ter a benção da lucidez. No entanto eis-me aqui, forjada, leoa, musa de fogo. Ouro, olhar, branco, bracelete, unha vermelha.